Esse blog tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre o assunto Exercício Físico e Cérebro, a partir de informações publicadas em revistas científicas

domingo, 26 de dezembro de 2010

Power balance

            Como é época de natal e presentes, vou falar um pouquinho sobre a power balance ou pulseira do equilíbrio, que foi um dos presentes mais vendidos nesse natal, eu acredito. Existe dois tipos de equilíbrio: o estático e o dinâmico, os quais dependem exclusivamente do movimento. Para equilibra-se nas duas condições, ou seja, parado ou em movimento, é necessário o controle postural. O controle postural é dependente sobretudo de três condições: do ambiente, do indivíduo e da tarefa. Assim, ambientes com maior inferências auditivas e visuais são capazes de influenciar negativamente no equilíbrio. Além disso, o equilíbrio vai depender exclusivamente da tarefa. Tarefas mais complexas, como ficar em um pé só de olhos fechados são mais difíceis de serem executadas quando comparas a tarefas mais simples. A condição do tipo de indivíduo analisado está associada a fatores como idade, aptidão física, saúde física e mental.
         Para manter-se equilibrado são ativados três sistemas: visual, vestibular e somatosensitivo. Já a perda na recuperação da estabilidade postural é influenciada pela perda de confiança, de força e por alterações na marcha devido a fatores específicos como dor, medicamentos e alterações na postura.
         Já que a power balance é vendida na tentativa de manter o equilíbrio postural através de energia, podemos concluir que não existe nenhuma explicação fisiológica para o seu funcionamento. Por outro lado, o efeito placebo que normalmente é concebido para uma substância ou objeto, nesse caso também pode funcionar tanto em indivíduos jovens atletas quanto em idosos que perderam a auto-confiança no desempenho das atividades diárias. O melhor mesmo é praticar exercícios físicos de força e equilíbrio específicos para o esporte ou para as atividades de vida diária. Mas se a opção é gastar mais de cem reais na pulseirinha, fique à vontade. 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cursos de férias Exercício para saúde mental e para o envelhecimento

Curso: Exercício físico e envelhecimento saudável
Curso proponente: Licenciatura Plena em Educação Física e fisioterapia
Local: UNISUAM-RJ-Bonsucesso
Objetivo do curso: Fornecer informações científicas sobre o efeito do exercício físico para idosos e, assim, tornar apto o profissional de educação física para melhor planejar sua atuação nessa área.
Período de Realização: De 08/01/2011 13:00:00 até 29/01/2011 16:45:00
Professor: Helena Sales de Moraes( Professor )

Curso: Exercício físico e saúde mental
Curso proponente: Licenciatura Plena em Educação Física e fisioterapia
Local: UNISUAM-RJ-Bonsucesso
Objetivo do curso: Fornecer informações científicas sobre o efeito do exercício físico na saúde mental e, assim, tornar apto o profissional de educação física e fisioterapia a a atuarem nessa área.
Período de Realização: De 08/01/2011 08:00:00 até 29/01/2011 12:00:00
Professor: Helena Sales de Moraes( Professor )
Esse é o site para inscrições http://www.unisuam.edu.br/hotsite/cap/saude.php

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Busca em base de dados de periódicos científicos

               A busca em base de dados não é complicada, mas muitos alunos apresentam dúvidas para fazer essas buscas. No entanto, são super necessárias para quem trabalha com pesquisas. As quatro bases de dados mais importantes são PUBMED, ISI, SciELO e LILACS. Basta inserir o nome do autor que está buscando ou uma palavra chave que já é encontrado o artigo. Normalmente sem uma senha ou não efetuando o acesso em um computador de bibliotecas que possuem as devidas assinaturas, não se consegue acesso aos textos completos, somente os resumos.
Os links de acesso, são:

Se você já possui a referência do artigo que quer procurar e não conseguiu acesso nas bases de dados, pode procurar pela bireme. Na busca deve ser colocado o nome do periódico, no qual você deve optar por formato eletrônico ou coleções SeCS. No formato eletrônico ainda há a chance de se obter o texto completo do artigo procurado, se não conseguir pode verificar se nas bibliotecas mais próximas de você contém o artigo procurado (veja pelo volume e número da página).



terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Seminário LANEX

            No próximo dia 20 será realizado o seminário de final de ano do nosso laboratório (Laboratório de Neurociências do Exercício). Serão expostas as linhas de pesquisas, as conquistas de 2010 e projeções para 2011. Os interessados em participar do laboratório e concorrer uma vaga para o mestrado em saúde mental do Instituto de psiquiatria da UFRJ, bem como da Educação física das universidades UFRJ e Gama Filho devem enviar um e-mail para lanexugf@gmail.com.
Até lá!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Novidades

O Blog do nosso laboratório acabou de ser criado. Lá são contadas as novidades, os nossos artigos, os nossos prêmios e todas as nossas conquistas.
endereço: www.labnex.blogspot.com
Mais uma fonte de conhecimento e divulgação científica!!!!!
Minha foto

sábado, 27 de novembro de 2010

Você está estressado?

O inventário de sintomas de stress de Lipp, de Marilda Lipp, é um inventário bastante utilizado e bastante eficaz na medida dos sintomas de stress, pois avalia e classifica os sintomas de estresse físico e psicológico percebidos. Segue abaixo a escala. Para aplicá-lo marque os sintomas percebidos nas últimas 24 horas, na última semana e no último mês.

 Últimas 24 horas:
1 – Mãos e pés frios
2 – Boca seca
3 – Nó no estômago
4 – Aumento de sudorese
5 – Tensão muscular
6 – Aperto de mandíbula/ranger dos dentes
7 – Diarréia passageira
8 – Insônia (dificuldade para dormir)
9 – Taquicardia
10 – Hiperventilação
11 – Hipertensão arterial súbita e passageira
12 – Mudança de apetite 
13 – Aumento súbito de motivação
14 – Entusiasmo súbito
15 – Vontade súbita de iniciar novos projetos

Última semana:
1 - Problemas com a memória
2 - Mal-estar generalizado, sem causa específica
3 - Formigamento das extremidades
4 - Sensação de desgaste físico constante
5 - Mudança de apetite
6 - Aparecimento de problemas dermatológicos
7 - Hipertensão arterial
8 - Cansaço constante
9 - Aparecimento de úlcera
10 - Tontura/sensação de estar flutuando
11 - Sensibilidade emotiva excessiva
12 - Dúvida quanto a si próprio
13 - Pensar constantemente em um só assunto
14 - Irritabilidade excessiva
15 - Diminuição da libido

Último mês:
1 - Diarréia frequente
2 - Dificuldades sexuais
3 - Insônia
4 - Náusea
5 - Tiques
6 - Hipertensão arterial
7 - Problemas dermatológicos prolongados
8 - Mudança extrema de apetite
9 - Excesso de gases
10 - Tontura frequente
11 - Úlcera
12 - Enfarte
13 - Impossibilidade de trabalhar
14 - Pesadelos
15 - Sensações de incompetência em todas as áreas
16 - Vontade de fugir de tudo
17 - Apatia, depressão, ou raiva prolongada
18 - Cansaço excessivo
19 - Pensar/falar constantemente em um só assunto
20 - Irritabilidade sem causa aparente
21 - Angústia/ansiedade diária
22 - Hipersensibilidade emotiva
23 - Perda do senso de humor


terça-feira, 23 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Estresse - histórico

Com o passar dos anos a definição do termo estress sofreu várias alterações. Inicialmente era definida como aflição e adversidade, passando, posteriormente, para o composto tensão-angústia-desconforto e finalmente passou a ser utilizada para expressar a ação de força, pressão ou influência muito forte sobre uma pessoa, causando uma deformação. Segundo Kloet et al, estresse é a resposta do organismo para o reajuste da homeostase e a quebra dessa homeostase é causada por um agente estressor físico ou psicológico. Para manter ou retornar a hoemostase é necessária a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) mediando as respostas fisiológicas que agem no organismo. Se a resposta ao estresse é inadequada, excessiva ou prolongada, o custo para o retorno à homeostase pode tornar-se alto, a qual é denominada carga alostática.
            Em vista dessas considerações o estresse foi considerado um fenômeno constituído de três etapas (alerta, resistência e exaustão). Anos mais tarde, pesquisadores identificaram uma nova fase (fase de quase-exaustão), classificando, portanto, o modelo quadrifásico do estresse.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Estresse - Introdução

        Estresse pode ser definido como uma resposta a um determinado estímulo. Essa resposta pode ser física ou psicológica e o estímulo, no caso agente estressor, pode ser endógeno ou exógeno. Além disso, essa resposta é uma reação do corpo ao estímulo. Hans Selye foi um médico endocrinologista pioneiro no estudo do estresse. Ele observou que diversos seres vivos apresentavam o mesmo padrão de resposta fisiológica para estímulos. Sendo o estresse, portanto, uma tentativa do organismo para manter o equilíbrio afetado por um estímulo específico, seria ele positivo ou negativo? No entanto, hoje o estresse é associado com doenças e "estar estressado" é uma sensação negativa...
         Qual seria a diferença, então? Existe estresse bom? Como saber se estamos estressados? A definição de Hans Selye estaria corrompida ou modificada pelo mundo moderno cheio de exigências?
          Bom, a resposta para todas essas perguntas, ou melhor, todas essas perguntas me vieram em mente e será tema dos meus próximos posts. O estresse é um sub-tema (digamos assim) do meu doutorado, já que vou estudar seu principal hormônio: o cortisol. No entanto, quando li as perguntas da escala de estresse e percebi que estava com  10 sintomas (!!!!) e um amigo do mestrado com mais de 30 (!!!!), parei e refleti muito sobre o tema. Dormir pouco, alterações no apetite, problemas estomacais, dermatológicos... Fora os psicológicos... Ao aplicar a escala percebi que os indivíduos entre 30 e 40 anos são mais estressados que os mais velhos. Será a cobrança de estudar, trabalhar, casar, estar bem fisicamente e psicologicamente???
Filosoficamente deixo a pergunta... com respostas neurofisiológicas nos próximos posts...



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nossa, quanto tempo que não escrevo nada aqui. Estou com projetos paralelos e retorno à minha vida comum no mês que vem. ;-)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Congressos e afins

                Como todos sabem, a vida de doutorando não é fácil. Além das disciplinas a cumprir e tocar a pesquisa, temos que escrever artigos, projetos para alunos de IC, revisar artigos, escrever capítulos de livros, submeter resumos à congressos, ler artigos para seminários... Bom, fora trabalhar fora e cuidar da casa, mas...Nos últimos meses participamos de dois congressos importantes no meio acadêmico. A FeSBE em águas de Lindóia..

E a SBNeC.. Essa não teve fotinho da galera pois esquecemos de tirar uma foto oficial do grupo. No SBNeC a pós doc do grupo apresentou nossa linha de pesquisa sobre exercício físico e saúde mental. A apresentação foi um sucesso! Eu apresentei os resultados do meu mestrado, os quais foram publicados na European Journal of Applied Physiology:  http://www.springerlink.com/content/h143244736061504/fulltext.pdf

E segue a vida.....

Abraços,

Helena Moraes

terça-feira, 20 de julho de 2010

Feliz dia do amigo



Durante todos esses anos de pesquisa, colhi bastante vitórias, como artigos científicos, defesa de uma dissertação de mestrado, bolsas financiadoras, participação na criação de um laboratório, etc. Mas a principal "coisa", foram os amigos que fiz. Amizades que foram, que ficaram e aquelas que, tenho certeza, que ficarão durante um bom tempo. Pessoas que me ajudaram em momentos difíceis.


E ainda aquelas que me fizeram rir, rir de tudo. Até de mim mesma...
Feliz dia do amigo!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

LANEX no CBCCE

Aí está o grupo do LANEX (Laboratório de Neurociências do Exercício) em mais um evento, esse foi muito bom e muito proveitoso. Já estamos nos preparando para o próximo.


terça-feira, 13 de julho de 2010

Novos neurônios e novas memórias

                 A descoberta da formação de novos neurônios acabou com o dogma que não há a criação de novos neurônios no cérebro adulto. As descobertas da neurociências desvendaram que esse fenômeno ocorre em duas regiões: na zona subventricular do ventrículo lateral e na zona subgranular do giro dentado no hipocampo. O hipocampo é uma região crucial para a formação de memórias e para o comportamento emocional. O processo de neurogênese inicia-se com a proliferação das células progenitoras que diferenciam-se em células granulares no giro denteado e algumas em células gliais. Na primeira semana, as novas células migram para o interior da camada granular que são inervadas por GABA (Ácido Gama-Amino Butírico), já na segunda semana começa o processo de mudança das células denteadas para neurônios. No entanto, essas células ainda são imaturas e sua atividade mediada por GABA parece ser importante para maturação e sobrevivência desses neurônios.A formação de eferências e aferências iniciam-se na terceira semana. Na maturação neuronal, da quarta a sexta semana, ocorre a transição de inputs de GABA para inputs gulatametérgicos. Essas células apresentam forte plasticidade sináptica, baixo limiar e alta amplitude do potencial de longa duração. Isso é mediado por receptores NMDA (N-methyl D-aspartate) e pelo fator de transcrição krupple-like factor 9. Todo esse processo de neurogênese foi bem investigado em roedores, no entanto, ainda existe uma vasta lacuna comparada aos estudos com humanos.
              Estudos com ratos concluíram que alguns fatores como o estímulo por aprendizado de novas tarefas (dependentes do hipocampo) e o exercício físico são cruciais para a neurogênese. O aprendizado adiciona e remove seletivamente as células maduras adultas, de acordo com sua maturidade e relevância funcional. O ambiente enriquecido aumenta a sobrevivência dessas células, enquanto que o exercício físico voluntário em ratos aumenta a proliferação neuronal e  a amplitude do potencial de longa duração, essencial para a memória. Indicando, portanto, uma associação entre neurogênese e cognição. 



             Existem duas hipóteses para as funções desses novos neurônios: a primeira seria a de substituição, ou seja, novos neurônios poderiam substituir neurônios velhos que sofreram apoptose. A outra hipótese seria que esses novos neurônios irão complementar e se conectar à neurônios pré-existentes, sem nenhuma substituição prévia. Além disso, há uma discussão interessante sobre a correlação desses novos neurônios e o tipo de memória testada. Existem alguns relatos, dos estudos com ratos, que essas novas células estariam mais associadas com a memória espacial de curto prazo. Além disso, ainda são necessárias mais investigações sobre a atuação dessas células na codificação, retenção e recordação da memória
              Um estudo realizado em humanos por uma Brasileira, em conjunto com um dos maiores nomes na literatura sobre o assunto, em Nova York, mostraram uma forte associação entre neurogênese e angiogênese e entre as mensurações de ressonância magnética funcional e medições do fluxo sanguíneo cerebral. A partir de achados humanos, os quais revelaram um aumento no fluxo sanguíneo no giro denteado após o exercício, os pesquisadores concluíram que é possível a existência de neurogênese em humanos, induzida por exercícios físicos. Fazendo uma analogia com o processo de neurogênese, concluímos que os achados com humanos ainda estão proliferando e longe de se tornarem maduros...




Deng, W., Aimone, J., & Gage, F. (2010). New neurons and new memories: how does adult hippocampal neurogenesis affect learning and memory? Nature Reviews Neuroscience, 11 (5), 339-350 DOI: 10.1038/nrn2822




Pereira, A., Huddleston, D., Brickman, A., Sosunov, A., Hen, R., McKhann, G., Sloan, R., Gage, F., Brown, T., & Small, S. (2007). An in vivo correlate of exercise-induced neurogenesis in the adult dentate gyrus Proceedings of the National Academy of Sciences, 104 (13), 5638-5643 DOI: 10.1073/pnas.0611721104

sábado, 19 de junho de 2010

Próximos congressos

           Em agosto serão realizados dois congressos super interessantes Rio Neuro 2010 e FesBE. O Rio Neuro é o XXIV congresso brasileiro de Neurologia com uma programação bem vasta no campo das doenças neurológicas. Já a FeSBE é a reunião anual da federação de sociedades de biologia experimental, mais voltada para fisiologia.
              
            Nosso grupo estará participando dos dois, apresentando trabalhos e fazendo contatos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

6 Congresso Brasileiro de cérebro comportamento e emoções

                 Na próxima quarta-feira eu e meu grupo do Laboratório de Neurociência do Exercício (LANEX) estaremos viajando para o 6 Congresso Brasileiro de cérebro comportamento e emoções, em Gramado/RS. Eu vou apresentar o trabalho "O efeito do exercício físico na dinâmica cerebral em jovens e idosos saudáveis: utilização da tomografia eletromagnética". E nossa aluna de pós doc é uma das convidadas nacionais que irá falar sobre exercício físico e envelhecimento.

sábado, 5 de junho de 2010

Como responder aos revisores de um periódico

              


               Li um post super interessante no posgraduando.com  de como avaliar trabalhos científicos (sobretudo o seu). Realmente é um guia legal para quem está escrevendo um artigo. O meu caso é um pouquinho mias complicado. Escrever artigos é sempre um dilema pra todos os mestrandos ou doutorandos. No instituto que estudo, precisamos publicar para entrar no mestrado/doutorado, para ganhar a bolsa CAPES ou CNPq, para ganhar pontos com o orientador, pra ser reconhecido, enfim pra tudo e mais um pouco. Vou compartilhar com vocês o meu "sofrimento" presente: depois de um artigo escrito em inglês (ainda sofro com isso), revisado por uma professora de inglês, pelo meu orientador, lido e relido 1.616 e enviado, vem a resposta: pode ser aceito se fizer as modificações. Ok, isso aconteceu com meus outros dois artigos publicados no mestrado (sonho em um dia não receber essa resposta, ou seja, aceito logo de cara!!!).  A resposta foi recebida no meio do carnaval ( a revista não é brasileira, rs!) e com mil coisas pra revisar, refazer, trocar,...
                    Algumas noites mal dormidas e reuniões e reuniões com outros professores para aprender uma nova técnica e, finalmente, reescrever (agradar) aos revisores, submeti. Eis que a resposta é: MAIS REVISÕES E QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS. Bom, aqui estou eu trabalhando nessas respostas pra enviar até o final de junho.
               Após essa maratona aprendi algumas coisas e queria compartilhar com vocês:

1 - Não submeta um trabalho antes de revisar mil vezes.
2 - Não mande no final do dia (quando tico e teco não está mais funcionando)
3 - Deixe algumas (muitas) horas do dia para revisar as referências.
4 - Escreva o resultado e exponha da forma mais clara possível
5 - Não ache que o revisor vai concordar com suas idéias tão fácil assim.
6 - Finja que está mandando pra Nature e é o artigo da sua vida. Assim, vc se dedica mais.
7 - Escolha bem a revista
8 - Faça tudo isso (se possível) sem pressa), já que poderá esperar (no mínimo) 3 meses pra receber um não e ter que reescrever e submeter para outra revista!


Boa sorte =)

terça-feira, 1 de junho de 2010

A evolução da espécie e o sedentarismo: questão filosófica!?


Segundo Darwin e sua teoria da evolução, características favoráveis de sobrevivência ao meio que são genéticas tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população que se reproduz, enquanto características desfavoráveis tornam-se menos comuns. Pois bem, hoje o homem encontra-se extremamente adaptado ao meio, suas características físicas, ou seja, seu fenótipo é extremamente evoluído para acompanhar e dar subsídios às suas necessidades básicas e, portanto, sua sobrevivência. Segundo o pesquisador britânico Steve Jones a evolução acabou, ou seja, graças ao nosso estilo de vida, conseguimos sobreviver e nos reproduzir sem depender das diferenças herdadas para enfrentar o frio, a fome e as doenças. Assim, nos dias de hoje o mundo se adapta ao homem e não o homem se adapta ao mundo.
Especificamente falando sobre atividade física, o homem caçava, plantava e colhia para adquirir seu alimento. Para fugir do perigo, o homem usava tanto seu raciocínio (o que o diferia dos demais animais) e seu corpo adaptado para correr/fugir. Além disso, sua sobrevivência foi intimamente associada com sua capacidade de comunicação e pelo desejo de entender e influenciar o ambiente.
O que temos hoje? Um homem que não se esforça para o seu alimento (só vai ao super mercado ou pela internet e compra sua comida) e para o preparo dela (aperta um botãozinho on/off do microondas). Devidamente alimentado, o homem não foge do perigo (visto que não existem mais predadores no nosso convívio). O maior perigo que hoje enfrentamos é a violência URBANA, portanto, para fugir dela: NÃO SAIA DE CASA. Além disso, sua capacidade de comunicação está profundamente aumentada com o avanço da tecnologia (vide e-mails, celulares, blogs, twitter). Para sobrevivermos, portanto, nos dias de hoje, o que seria necessário? Trabalhar, estudar, atualizar-se.. Contudo, o resultado de todo esse avanço tecnológico somado ao tempo que gastamos no computador, realizando pesquisa e teses, levam o homem moderno ao sedentarismo. Ou seja, a sobrevivência (HOJE) pode estar correlacionada de forma direta ao sedentarismo. No entanto, paradoxalmente, ao tornar-se sedentário o homem torna-se exposto a doenças que podem o levar a morte.
 Por outro lado, se levarmos em conta a expectativa de vida crescente, podemos concluir que o homem continua no ciclo da evolução, adaptando-se para a sobrevivência. Ainda existem adaptações genotípicas, as quais favorecem um melhor funcionamento dos nossos sistemas (cardiovasculares, músculo-esqueléticos, digestivos, respiratórios,..) . Sobretudo, por influência do meio (estilo de vida) essas alterações podem ser via epigenética, tornando o indivíduo cada vez mais adaptado para a sobrevivência, seja por manter-se fisicamente ou mentalmente saudável.
Assim, se o homem adaptou o meio para o seu maior conforto, para viver e sobreviver, usando da inteligência ao seu favor. É necessário que ele desconstrua esse paradigma, e, portanto, usando de sua sabedoria, continue adaptando-se ao meio. O corpo precisa de movimento! Sua saúde mental e física agradecem.
 *** A filosofia sobre essa questão não acaba por aqui, vou continuar filosofando =)


Vaynman, S., & Gomez-Pinilla, F. (2006). Revenge of the “Sit”: How lifestyle impacts neuronal and cognitive health through molecular systems that interface energy metabolism with neuronal plasticity Journal of Neuroscience Research, 84 (4), 699-715 DOI: 10.1002/jnr.20979

sábado, 22 de maio de 2010

PERGUNTAS EM UMA APRESENTAÇÃO


Esse fluxograma publicado nesse blog. É perfeito!!!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Alterações respiratórias, exercício físico e transtorno de pânico: o que eles têm em comum?

         Alterações respiratórias estão presentes nas características, manifestações clínicas e podem estar associadas à etiologia do transtorno de pânico (TP). No livro Transtorno de pânico: diagnóstico e tratamento, Nardi e colaboradores comentam sobre explicações biológicas e cognitivo-comportamentais para a correlação entre dispnéia e hiperventilação e ataque de pânico. A explicação biológica defende que indivíduos que sofrem de TP possuem um limiar mais baixo de ativação dos quimiorreceptores, sobretudo dos neurônios do bulbo, causando hiperventilação e dispnéia em decorrência de um disparo espontâneo ou um estímulo sutil. Assim, qualquer aumento de gás carbônico poderia disparar as alterações respiratórias. Com isso, pacientes com TP teriam mecanismos compensatórios como hiperventilação crônica, freqüentes bocejos ou suspiros. 

            A explicação cognitivo-comportamental sugere que em pacientes com TP, as sensações físicas e mentais são interpretadas como sinais de uma catástrofe pessoal iminente. O efeito agudo da hiperventilação induz hipocapnia e alcalose respiratória. Como conseqüência ocorrem vasoconstrição, redução do fluxo sanguineo cerebral e hipofosfatemia, causando tonteira, parestesia, náuseas, dor torácica e desrealização. Essas características são similares àquelas observadas durante um ataque de pânico. 
Tanto a explicação biológica quanto a cognitivo-comportamental sugerem que o ataque de pânico seria um alarme falso de sufocação, ou seja, com uma alta de gás carbônico e lactato ocorreria uma ativação no (suposto) alarme de sufocação. Esse alarme seria falso porque seria fruto do ataque de pânico. A hiperventilação conseqüente do alarme de sufocação promoveria uma diminuição no gás carbônico, desativando o alarme de sufocação. 
            Embora muitas hipóteses tenham sido sugeridas, um artigo publicado no Brazilian Journal of Medical and Biological Research concluíram que pacientes com TP podem apresentar aumento de ansiedade e possíveis ataques de pânico após indução da hiperventilação induzida (baixa de gás carbônico) , enquanto outros somente respondem apnéia (alta de gás carbônico). O artigo sugere, portanto, subtipos de diagnósticos de TP baseados nessas respostas.  Nesse contexto, o exercício físico, de forma aguda e para sujeitos sedentários, também poderia produzir efeitos negativos em subtipos de TP. São necessários mais estudos para investigar essa hipótese. 

Nardi, A., Valença, A., Lopes, F., Nascimento, I., Mezzasalma, M., & Zin, W. (2004). Clinical features of panic patients sensitive to hyperventilation or breath-holding methods for inducing panic attacks Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 37 (2) DOI: 10.1590/S0100-879X2004000200013

terça-feira, 11 de maio de 2010

A conectividade funcional de um cérebro em repouso (default mode network) poderia mediar a associação entre condicionamento físico e cognição?

                     Pesquisadores da universidade de Illinois tentaram responder essa pergunta. Eles examinaram a associação entre capacidade física, conectividade funcional no default mode network (DMN)  e desempenho cognitivo em jovens e idosos. O DMN seria a atividade de determinadas áreas cerebrais quando o cérebro está em repouso, sem nenhum estímulo externo para o desemoenho de alguma tarefa cognitiva. Essas áreas são: córtex cingulado posterior/Córtex retrosplenial (CCP/CRS), córtex parietal inferior, córtex cingulado anterior ventral, córtex medial frontal, córtex hipocampal e parahipocampal. Parece que em idosos o DMN estaria com a atividade diminuída, sobretudo na na conectividade entre CCP/CRS. 
                  Michelle Voss e colaboradores observaram que a conectividade funcional na dimensão anterior-posterior pode mediar a associação entre condicionamento físico e função executiva, medida pelo teste de Wisconsin. Outras conexões foram associadas com o desempenho em tarefas cognitivas específicas. A conectividade entre o giro temporal medial e o giro frontal medial poderiam mediar a associação entre condicionamento físico e flexibilidade cognitiva. Além disso, a conectividade frontal entre giro frontal medial e o córtex medial frontal também poderiam mediar a associação entre condicionamento físico e memória espacial. 
                 Com algumas limitações, sobretudo as análises de ressonância magnética funcional de um cérebro "realmente" em repouso, os pesquisadores responderam a pergunta. No entanto, outra questão ficou "no ar" : Poderia o exercício físico alterar o padrão de conectividade funcional e essa resposta estaria associada com a melhora na cognição promovida pelo treinamento físico?

***Nota pessoal: Esse artigo foi o primeiro publicado pela co-autora Heloísa Veiga, uma amigona que foi fazer seu doutorado no Illinois com o grande grupo de pesquisadores do Arthur Kraemer.


Voss, M., Erickson, K., Prakash, R., Chaddock, L., Malkowski, E., Alves, H., Kim, J., Morris, K., White, S., & Wójcicki, T. (2010). Functional connectivity: A source of variance in the association between cardiorespiratory fitness and cognition? Neuropsychologia, 48 (5), 1394-1406 DOI: 10.1016/j.neuropsychologia.2010.01.005

Morcom AM, & Fletcher PC (2007). Does the brain have a baseline? Why we should be resisting a rest. NeuroImage, 37 (4), 1073-82 PMID: 17681817

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Alice no país das maravilhas



             Alice in Wonderland em 3D é fantástico! Apesar de não ser a história original (o que desagrada a alguns), Alice agora está com 20 anos e continua querendo saber a resposta para a pergunta "quem sou eu" e na decisão mediante de escolhas a serem feitas. Bom, o que isso tem a ver com exercício e cérebro? 
             As questões da Alice são muitas das quais eu me identifico, como qualquer aluno na vida acadêmica. A todo tempo precisamos fazer escolhas: temas de teses e dissertações, decisões de pesquisas, estatísticas, artigos. Escolha de alunos de IC, escolha das disciplinas, escolha dos artigos e livros à serem lidos.. Enfim.. Além disso ainda tem a pior escolha de estudar ou ir à praia em um domingo de verão do RJ. Aff!!
            Questões à parte.. A universidade é a minha Wonderland. Não sei viver sem ela! Além de ser uma vida difícil, a vida acadêmica nos faz crescer, é um desafio diário e nos faz superar grandes desafios!! Nem dá pra acreditar que um filme tão filosófico tenha sido escrito por um professor de matemática ( veja aqui)...

            Vale a pena reler toda a história...

domingo, 2 de maio de 2010

O efeito do exercício na função cognitiva

                  Muitas pesquisas investigam o efeito do exercício físico na cognição. O objetivo dessas pesquisas são avaliar os efeitos agudos neurofisiológicos e neuropsicológicos decorrentes do exercício na cognição. Além disso, os estudos também investigam se durante o esforço, atletas diminuem sua performance em tarefas que dependem de funções cognitivas mais complexas  (planejamento, atenção dividida,  memória de trabalho), usadas em esportes como futebol, vôlei ou basquete. Além disso, estudos de dupla tarefa analisam as interações que podem ocorrer entre duas tarefas (cognitiva e motora), prejudicando o desempenho em atividades de vida diária, sobretudo em idosos, levando a incidência de quedas. No livro "Exercise and cognitive function - McMorris T, TomporowskiP & Audiffren  M (2009)", algumas teorias são colocadas no entendimento do efeito do exercício físico na cognição:

1)  Modelo de Kahneman's - É o primeiro modelo cognitivo-enegético. A partir desse modelo conclui-se que  
o exercício e a tarefa cognitiva competem pelos mesmos recursos de alerta e esforço pode ocorrer um prejuízo na performance da tarefa cognitiva

 2) Modelo de Sander - Nessa teoria, as fases do processamento da informação pode depender do alerta, do esforço e da ativação. O exercício físico aumenta o alerta e a ativação promovendo uma melhora no desempenho cognitivo. No entanto, se há uma competição entre o exercício físico e a tarefa  pelo esforço  realizado, pode haver um prejuízo na cognição. 
3) Modelo de Humphreys e Revelle's - Nesse modelo, traços de personalidade e características da tarefa podem modular o alerta e o esforço. A partir dessa teoria, pode haver um prejuízo somente em tarefas de memória de curto prazo realizadas durante o exercício.


















4) Modelo de Hockey - Essa teoria é um modelo de controle compensatório. De acordo com essa teoria quando a tarefa cognitiva e o exercício competem pelo esforço, há uma modificação do controle automático para a estratégia de controle do esforço. Nele não há prejuízo cognitivo durante o exercício.

Essas teorias são importantes para o entendimento da interação entre o exercício e a cognição.
Para saber mais: 
Tomporowski, P. (2003). Effects of acute bouts of exercise on cognition Acta Psychologica, 112 (3), 297-324 DOI: 10.1016/S0001-6918(02)00134-8

domingo, 25 de abril de 2010

Esforço baseado em recompensa: nova hipótese da depressão

          Não é novidade que o exercício físico é uma ferramenta eficaz para minimizar os sintomas depressivos. Estudos concluem que sua prática pode levar tanto a remissão dos sintomas quanto resposta (redução de 50% dos sintomas). Mas uma nova hipótese vem sendo discutida: o esforço físico e a recompensa. Kelly Lambert, uma pesquisadora inglesa da Faculdade de Randolph-Macon, sugeriu que a incidência de depressão está associada com o nível de atividade física essencial para os recursos básicos diários, ou seja, ela se referia ao esforço baseado na recompensa. Por exemplo, no passado para se conseguir o alimento, era necessário plantar, semear, colher e, só então, cozinhar. Essa recompensa (comer) baseada no esforço para consegui-la seria muito mais prazerosa e intensa comparada comparada com hoje em dia. Assim, essa hipótese poderia explicar (adicionada à outras teorias)  o aumento na prevalência de depressão com o passar dos anos. 
                 Pode ser curioso e polêmico, mas o assunto está baseado em explicações neurobiológicas. A principal área do cérebro utilizada para a essa explicação é o núcleo acumbente. Esse núcleo posiciona-se entre o estriado e o sistema límbico. A partir de suas projeções e aferências, esse núcleo pode modular tanto funções motoras como emotivas. O déficit nessas funções está associado com sintomas depressivos, são eles: diminuição do interesse, agitação psicomotora, diminuição da motivação e da energia e diminuição de habilidades. Duas regiões do núcleo acumbente (NA) modulam essas funções: o "core" modula os movimentos voluntários e o "shell" modula os sistemas motivacionais. 
                                 



         Na depressão a modulação dessas funções pelo núcleo acumbente não estaria sendo exercida de forma plena. Estudos com ratos mostraram que lesões no NA poderia levar a um menor esforço pela recompensa, os ratos preferiram caminhos mais curtos que levavam a recompensas menores do que caminhos mais longos com recompensas maiores. Além disso, a modulação do córtex pré-frontal através de projeções serotonérgicas para o sistema límbico poderia estar prejudicada na depressão. O córtex pré-frontal interpreta a informação recebida pelo tálamo, impondo a devida relevância a informação. Após isso sua aferência para o núcleo acumbente promove a resposta comportamental. A partir dessas informações, pode-se analisar um novo papel indireto, e não mais direto, da serotonina na etiologia da depressão. 
               O artigo é bastante interessante, mas são necessárias algumas observações sobre o tema:

1) A falta de diagnóstico preciso nas doenças mentais no século passado - Assim, há um aumento do diagnóstico de depressão (devido a melhora no instrumento de diagnósticos) e, portanto, um aumento na prevalência das doenças.

2) O mundo de hoje: mais competitivo, mais exigente em todos os aspectos - Fator determinante para desenvolvimento de estresse e ansiedade, transtornos associados à depressão.

3) O artigo cita exemplos de povos chineses que possuem menores índices de depressão, devido a fatores culturais, sobretudo ao agriculturismo e auto-suficiência - Vale a pena referenciar um estudo da Universidade de Lees que avaliou a associação entre internet e suicídio explicando os vários suícidios ocorridos em 2008 no País de Gales, onde todos os suicidas eram usuários compulsivos de internet. E na China a internet é controlada....


Todos os fatores enumerados acima, assim como o artigo são bastantes polêmicos. No entanto, sabemos que fatores ambientais, culturais e genéticos estão associados a depressão, inclusive, todos podem participar de sua etiologia. As investigações desses fatores são necessárias não somente para o estudo exclusivo de cada um deles na incidência da depressão, como também para possíveis fatores confundidores em pesquisas epidemiológicas, por exemplo.


LAMBERT, K. (2006). Rising rates of depression in today's society: Consideration of the roles of effort-based rewards and enhanced resilience in day-to-day functioning Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 30 (4), 497-510 DOI: 10.1016/j.neubiorev.2005.09.002

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ESTRESSE X EXERCÍCIO

                   O exercício físico tem sidoamplamente estudado através de seu efeito na redução da ansiedade e do estresse. Diversos estudos apontam também um efeito crônico na redução dos sintomas depressivos  (veja aqui). No entanto, ele é considerado um estímulo estressante, já que aumenta a freqüência cardíaca, a freqüência respiratória, liberando cortisol e catecolaminas, alterando a homeostase.

                                     Como explicar esse "paradoxo"?
                 Apesar dessas transformações agudas, seu efeito crônico promove alterações adaptativas, diminuindo a ativação do eixo do estresse em resposta ao exercício. Essas alterações também podem ser observadas em repouso, para isso uma teoria foi postulada pelos pesquisadores australianos  Sarbadhikari & Saha *(1996). A diferença entre a resposta ao estresse e o exercício foi "resolvido" como um modelo matemático. Eles provaram que os estresse aumenta a atividade e a concentração de subtipos de receptores localizados na região anterior direita e posterior esquerda do cérebro. Já a resposta ao exercício seria na região anterior esquerda e posterior direita. Dessa forma:



      Esses receptores promovem respostas diferentes. Receptores associados ao estresse poderia produzir resposta ansiogênica pela ativação da enzima adenil ciclase e AMPc. Já os receptores associados ao exercício produziriam resposta contrária, resultando em ação ansiolítica. Dessa forma o estresse ativa o hemisfério frontal direito e posterior esquerdo (associado com emoções negativas) e o exercício o oposto (associado com emoções positivas). Esses resultados corroboram a hipótese approach/withdrawal (Davidson, 1990)**

Resolvido a estória? Não!!! São necessários mais estudos para provar a idéia. No próprio artigos os autores enumeram diversas possibilidade de estudos que poderiam substanciar essa hipótese:

1 - Escolher qualquer neurotransmissores e verificar as diferenças na atividade e concentração dos subtipos de receptores em diferentes partes do cérebro - durante condições saudáveis, com o treinamento com exercícios, com o estresse crônico e na combinação dessas condições

2 - Realizar experimentos similares com outros neurotransmissores

3 - Mensurar as concentrações/atividade de BDNF e/ou outros tipos de fatores tróficos durante essas condições e correlacionar com a atividade dos subtipos de neurotransmiddores em regiões específicas do cérebro.

4 - Correlacionar achados neuroquímicos com ressonância magnética funcional e achados de EEG quantitativo

5 - Correlacionar condições clínicas com achados laboratoriais

6 - Correlacionar achados farmacológicos com não farmacológicos (exercício físico)

7 - Realizar outros modelos matemáticos baseados em novas experiências.

Referências:

* Moderate exercise and chronic stress produce counteractive effects on different areas of the brain by acting through various neurotransmitters receptor subtypes: a hipothesis. Theoretical biology and medical modelling, 3:33. 2006

**  Approach-withdrawal and cerebral asymmetry: emotional expression and brain physiology. Journal of personality and social psychology 58: 330-341, 1990


Davidson RJ, Ekman P, Saron CD, Senulis JA, & Friesen WV (1990). Approach-withdrawal and cerebral asymmetry: emotional expression and brain physiology. I. Journal of personality and social psychology, 58 (2), 330-41 PMID: 2319445

quarta-feira, 31 de março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

Atividade X Sedentarismo: interação do sistema dopaminérgico

                    

           Os benefícios do exercício físico TODO MUNDO sabe: emagrecimento, qualidade de vida, bem-estar, prevenção de doenças, condicionamento... Mas aí, vem preguiça, desculpas, e acabamos deixando para o outro dia. Isso é comum, por vários motivos, existem dias que o corpo está anti-esforço. No entanto, existem pessoas completamente inativas, que não sentem vontade e ânimo para praticar qualquer atividade física. Só praticam levantamento de garfo, copo, e flexão e extensão dos dedos para mexer no controle remoto. Mas, existe uma explicação científica pra isso?
             Uma artigo recente***, publicado no International Journal of biological sciences, diz que sim!!!! Segundo os autores esse comportamento é explicado por uma interação gene + ambiente. Para eles, componentes genéticos/ biológicos que regulam a prática de atividade físicas são explicados por mecanismos periféricos (tipo de fibra, número de mitocôndrias, componentes do metabolismo celular, consumo de oxigênio, etc) e mecanismos centrais ( sinalização celular, neurotransmissores, comportamento motivacional, etc).  Estudos com ratos mostraram que não só os componentes periféricos podem diferir os ratos de raças mais ativas das sedentárias, como também, fatores centrais. Aqueles de raça mais ativa tem maiores níveis de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). Nesses ratos são encontradas diferentes respostas de exercício físico após a administração de agonistas e antagonistas de dopamina.
                A dopamina está associada com recompensa, motivação, controle do movimento motor, aprendizado e emoção. Características que levam o sistema dopaminérgico a um forte candidato para o controle da atividade física voluntária. Entretanto, os estudos com humanos, investigam a dopamina como uma conseqüência da atividade física, ou seja, sua liberação após o exercício físico. A hipótese desses pesquisadores, baseia-se no sistema dopaminérgico como uma variável independente e não dependente do exercício. Os neurônios dopaminérgicos do cérebro originam-se em duas áreas distintas: substância nigra com projeção para o estriado, via tracto nigroestriatal e área tegmental ventral com projeções para o córtex e núcleo acumbente, via tracto mesolímbico. O primeiro está associado com a locomoção e o segundo com a motivação. Para os autores esse sistema mesolímbico pode ser o componente genético que irá determinar as características motivacionais dos indivíduos ativos e sedentários. Como ilustrado no esquema abaixo:


Ainda são necessários diversas pesquisas para confirmar essa hipótese. Só não pode usar isso como desculpa para ficar no sedentarismo. Aí não dá...


***Knab and Lightfoot (2010) "Does the difference between physically active and couch potato lie in dopamine system? International journal of biological science 6(2): 133-150.

terça-feira, 23 de março de 2010

Vida de estudante ou desabafo...

.......Nossa! Quanto tempo que eu não escrevo NADA!!! Bom, não escrevo aqui pq é tanto projeto, artigo, tese, prova...Que o blog fica pra depois! Resolvi, então, escrever sobre a vida de doutoranda. Não é fácil. Muitas vezes dá vontade de desisitir pois não é como uma simples pós. É muita ralação, muita coisa pra estudar, pra aprender.. É a política da faculdade, o artigo que não é aceito, os comentários dos revisores.. O problema é que não é só isso, EXISTE VIDA FORA DO DOUTORADO!!! Trabalhar, namorar, passear, ver a família, cuidar da casa, do marido! Aff!!!! Mas, no final, tudo compensa. Quando vc recebe uma boa nota da prova, quando é aprovada com louvor, quando recebe um elogio do orientador ou dos alunos de iniciação científica. É quando vc olha pra trás e vê o quanto vc aprendeu e o quanto cresceu!
Esse post é destinado à todos os alunos que trabalham com pesquisa, seja alunos de mestrado ou iniciação científica.
Afinal, como Einsten dizia, só há um lugar onde o sucesso vem antes do trabalho: no dicionário!!!

Abraços