Esse blog tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre o assunto Exercício Físico e Cérebro, a partir de informações publicadas em revistas científicas

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Alterações respiratórias, exercício físico e transtorno de pânico: o que eles têm em comum?

         Alterações respiratórias estão presentes nas características, manifestações clínicas e podem estar associadas à etiologia do transtorno de pânico (TP). No livro Transtorno de pânico: diagnóstico e tratamento, Nardi e colaboradores comentam sobre explicações biológicas e cognitivo-comportamentais para a correlação entre dispnéia e hiperventilação e ataque de pânico. A explicação biológica defende que indivíduos que sofrem de TP possuem um limiar mais baixo de ativação dos quimiorreceptores, sobretudo dos neurônios do bulbo, causando hiperventilação e dispnéia em decorrência de um disparo espontâneo ou um estímulo sutil. Assim, qualquer aumento de gás carbônico poderia disparar as alterações respiratórias. Com isso, pacientes com TP teriam mecanismos compensatórios como hiperventilação crônica, freqüentes bocejos ou suspiros. 

            A explicação cognitivo-comportamental sugere que em pacientes com TP, as sensações físicas e mentais são interpretadas como sinais de uma catástrofe pessoal iminente. O efeito agudo da hiperventilação induz hipocapnia e alcalose respiratória. Como conseqüência ocorrem vasoconstrição, redução do fluxo sanguineo cerebral e hipofosfatemia, causando tonteira, parestesia, náuseas, dor torácica e desrealização. Essas características são similares àquelas observadas durante um ataque de pânico. 
Tanto a explicação biológica quanto a cognitivo-comportamental sugerem que o ataque de pânico seria um alarme falso de sufocação, ou seja, com uma alta de gás carbônico e lactato ocorreria uma ativação no (suposto) alarme de sufocação. Esse alarme seria falso porque seria fruto do ataque de pânico. A hiperventilação conseqüente do alarme de sufocação promoveria uma diminuição no gás carbônico, desativando o alarme de sufocação. 
            Embora muitas hipóteses tenham sido sugeridas, um artigo publicado no Brazilian Journal of Medical and Biological Research concluíram que pacientes com TP podem apresentar aumento de ansiedade e possíveis ataques de pânico após indução da hiperventilação induzida (baixa de gás carbônico) , enquanto outros somente respondem apnéia (alta de gás carbônico). O artigo sugere, portanto, subtipos de diagnósticos de TP baseados nessas respostas.  Nesse contexto, o exercício físico, de forma aguda e para sujeitos sedentários, também poderia produzir efeitos negativos em subtipos de TP. São necessários mais estudos para investigar essa hipótese. 

Nardi, A., Valença, A., Lopes, F., Nascimento, I., Mezzasalma, M., & Zin, W. (2004). Clinical features of panic patients sensitive to hyperventilation or breath-holding methods for inducing panic attacks Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 37 (2) DOI: 10.1590/S0100-879X2004000200013

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