Esse blog tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre o assunto Exercício Físico e Cérebro, a partir de informações publicadas em revistas científicas

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ESTRESSE X EXERCÍCIO

                   O exercício físico tem sidoamplamente estudado através de seu efeito na redução da ansiedade e do estresse. Diversos estudos apontam também um efeito crônico na redução dos sintomas depressivos  (veja aqui). No entanto, ele é considerado um estímulo estressante, já que aumenta a freqüência cardíaca, a freqüência respiratória, liberando cortisol e catecolaminas, alterando a homeostase.

                                     Como explicar esse "paradoxo"?
                 Apesar dessas transformações agudas, seu efeito crônico promove alterações adaptativas, diminuindo a ativação do eixo do estresse em resposta ao exercício. Essas alterações também podem ser observadas em repouso, para isso uma teoria foi postulada pelos pesquisadores australianos  Sarbadhikari & Saha *(1996). A diferença entre a resposta ao estresse e o exercício foi "resolvido" como um modelo matemático. Eles provaram que os estresse aumenta a atividade e a concentração de subtipos de receptores localizados na região anterior direita e posterior esquerda do cérebro. Já a resposta ao exercício seria na região anterior esquerda e posterior direita. Dessa forma:



      Esses receptores promovem respostas diferentes. Receptores associados ao estresse poderia produzir resposta ansiogênica pela ativação da enzima adenil ciclase e AMPc. Já os receptores associados ao exercício produziriam resposta contrária, resultando em ação ansiolítica. Dessa forma o estresse ativa o hemisfério frontal direito e posterior esquerdo (associado com emoções negativas) e o exercício o oposto (associado com emoções positivas). Esses resultados corroboram a hipótese approach/withdrawal (Davidson, 1990)**

Resolvido a estória? Não!!! São necessários mais estudos para provar a idéia. No próprio artigos os autores enumeram diversas possibilidade de estudos que poderiam substanciar essa hipótese:

1 - Escolher qualquer neurotransmissores e verificar as diferenças na atividade e concentração dos subtipos de receptores em diferentes partes do cérebro - durante condições saudáveis, com o treinamento com exercícios, com o estresse crônico e na combinação dessas condições

2 - Realizar experimentos similares com outros neurotransmissores

3 - Mensurar as concentrações/atividade de BDNF e/ou outros tipos de fatores tróficos durante essas condições e correlacionar com a atividade dos subtipos de neurotransmiddores em regiões específicas do cérebro.

4 - Correlacionar achados neuroquímicos com ressonância magnética funcional e achados de EEG quantitativo

5 - Correlacionar condições clínicas com achados laboratoriais

6 - Correlacionar achados farmacológicos com não farmacológicos (exercício físico)

7 - Realizar outros modelos matemáticos baseados em novas experiências.

Referências:

* Moderate exercise and chronic stress produce counteractive effects on different areas of the brain by acting through various neurotransmitters receptor subtypes: a hipothesis. Theoretical biology and medical modelling, 3:33. 2006

**  Approach-withdrawal and cerebral asymmetry: emotional expression and brain physiology. Journal of personality and social psychology 58: 330-341, 1990


Davidson RJ, Ekman P, Saron CD, Senulis JA, & Friesen WV (1990). Approach-withdrawal and cerebral asymmetry: emotional expression and brain physiology. I. Journal of personality and social psychology, 58 (2), 330-41 PMID: 2319445

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