O exercício físico tem sidoamplamente estudado através de seu efeito na redução da ansiedade e do estresse. Diversos estudos apontam também um efeito crônico na redução dos sintomas depressivos (veja aqui). No entanto, ele é considerado um estímulo estressante, já que aumenta a freqüência cardíaca, a freqüência respiratória, liberando cortisol e catecolaminas, alterando a homeostase.
Como explicar esse "paradoxo"?
Apesar dessas transformações agudas, seu efeito crônico promove alterações adaptativas, diminuindo a ativação do eixo do estresse em resposta ao exercício. Essas alterações também podem ser observadas em repouso, para isso uma teoria foi postulada pelos pesquisadores australianos Sarbadhikari & Saha *(1996). A diferença entre a resposta ao estresse e o exercício foi "resolvido" como um modelo matemático. Eles provaram que os estresse aumenta a atividade e a concentração de subtipos de receptores localizados na região anterior direita e posterior esquerda do cérebro. Já a resposta ao exercício seria na região anterior esquerda e posterior direita. Dessa forma:
Esses receptores promovem respostas diferentes. Receptores associados ao estresse poderia produzir resposta ansiogênica pela ativação da enzima adenil ciclase e AMPc. Já os receptores associados ao exercício produziriam resposta contrária, resultando em ação ansiolítica. Dessa forma o estresse ativa o hemisfério frontal direito e posterior esquerdo (associado com emoções negativas) e o exercício o oposto (associado com emoções positivas). Esses resultados corroboram a hipótese approach/withdrawal (Davidson, 1990)**
Resolvido a estória? Não!!! São necessários mais estudos para provar a idéia. No próprio artigos os autores enumeram diversas possibilidade de estudos que poderiam substanciar essa hipótese:
1 - Escolher qualquer neurotransmissores e verificar as diferenças na atividade e concentração dos subtipos de receptores em diferentes partes do cérebro - durante condições saudáveis, com o treinamento com exercícios, com o estresse crônico e na combinação dessas condições
2 - Realizar experimentos similares com outros neurotransmissores
3 - Mensurar as concentrações/atividade de BDNF e/ou outros tipos de fatores tróficos durante essas condições e correlacionar com a atividade dos subtipos de neurotransmiddores em regiões específicas do cérebro.
4 - Correlacionar achados neuroquímicos com ressonância magnética funcional e achados de EEG quantitativo
5 - Correlacionar condições clínicas com achados laboratoriais
6 - Correlacionar achados farmacológicos com não farmacológicos (exercício físico)
7 - Realizar outros modelos matemáticos baseados em novas experiências.
Referências:
* Moderate exercise and chronic stress produce counteractive effects on different areas of the brain by acting through various neurotransmitters receptor subtypes: a hipothesis. Theoretical biology and medical modelling, 3:33. 2006
** Approach-withdrawal and cerebral asymmetry: emotional expression and brain physiology. Journal of personality and social psychology 58: 330-341, 1990
Davidson RJ, Ekman P, Saron CD, Senulis JA, & Friesen WV (1990). Approach-withdrawal and cerebral asymmetry: emotional expression and brain physiology. I. Journal of personality and social psychology, 58 (2), 330-41 PMID: 2319445
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário